sábado, março 31, 2012
segunda-feira, março 26, 2012
domingo, julho 25, 2010
AS PALAVRAS NASCEM
As palavras são formas que vêm do escuro para a luz e voltam para o escuro tão logo iluminam o que veio para ser. Elas desaparecem quando ditas e desaparecem também quando não ditas. Muita gente não se cansa de procurar palavras não ditas que, no entanto estavam em suas cabeças ou suas bocas. E nessa procura, fazem surgir palavras novas que talvez nunca dissessem. Palavras são vaga-lumes sonoros no escuro, acendendo e apagando sem nunca durarem mais do que alguns segundos. Essa é a sua condição: aparecer e desaparecer entre a boca e o ouvido, a impressão no cérebro e no espaço de que algo se fez, algo da natureza da música, do sopro, do desenho.
Confesso que procurei palavras para dizer para vocês neste último sopro da disciplina, desenho experiência, encontrei estas, acima, rabiscadas em meu diário de atelier que mais parecem um sopro e talvez por isso mesmo reveladora desse instante em que terminamos uma etapa e olhamos para a distância percebendo que ainda há muito a caminhar.
Confesso que procurei palavras para dizer para vocês neste último sopro da disciplina, desenho experiência, encontrei estas, acima, rabiscadas em meu diário de atelier que mais parecem um sopro e talvez por isso mesmo reveladora desse instante em que terminamos uma etapa e olhamos para a distância percebendo que ainda há muito a caminhar.
sábado, junho 27, 2009
sábado, setembro 20, 2008
CONTO ISSO AO MEU FILHO
Vejo o vento balançar as árvores, para lá e para ca.
Às árvores de perto ele balança agitado, sacode os galhos,
Faz as folhas farfalharem
Às árvores de longe ele balança suave, em conjunto
Empurrando os volumes de sombras para lá e para cá.
Mostro para o meu filho esta dança do vento e lhe digo:
É o milagre da vida!
E lhe conto essa história: Os ventos quando se chocam nas nuvens,
descem em direção à terra,
descem furiosos
E derrubam, com força descomunal, tudo que encontram:
Arancam árvores, destelham casas, tombam carros, lançam raios
Rugem como um dragão, dobram quem os enfrentar.
Quem os viu nao sabe o que viu
Não sabe o que aconteceu
Quem por eles passou fica em suspenso e os espera passar
Vê apenas o que eles deixaram
O rastro do que derrubaram
As sobras do que não levaram
No entanto são os mesmos ventos que balançam essas árvores,
Que refresca a nossa casa,
Que sopram o nosso corpo
E nos deixa respirar. Humm, é tão bom respirar...
É tão bom ver o balanço dessas folhas, dessas ávores, desses galhos
e participar do milagre da vida..
Conto isso para o meu filho;
Não sei se ele acredita.
Leva-se muitos anos para a gente aprender a admirar isso.
Ficamos sentados na grama,
O vento sopra, balança as árvores para lá e para ca.
Às árvores de perto ele balança agitado, sacode os galhos,
Faz as folhas farfalharem
Às árvores de longe em balança suave, em conjunto.
Empurrando os volumes de sombras para lá e para cá.
Um beijo
do pai fer
Às árvores de perto ele balança agitado, sacode os galhos,
Faz as folhas farfalharem
Às árvores de longe ele balança suave, em conjunto
Empurrando os volumes de sombras para lá e para cá.
Mostro para o meu filho esta dança do vento e lhe digo:
É o milagre da vida!
E lhe conto essa história: Os ventos quando se chocam nas nuvens,
descem em direção à terra,
descem furiosos
E derrubam, com força descomunal, tudo que encontram:
Arancam árvores, destelham casas, tombam carros, lançam raios
Rugem como um dragão, dobram quem os enfrentar.
Quem os viu nao sabe o que viu
Não sabe o que aconteceu
Quem por eles passou fica em suspenso e os espera passar
Vê apenas o que eles deixaram
O rastro do que derrubaram
As sobras do que não levaram
No entanto são os mesmos ventos que balançam essas árvores,
Que refresca a nossa casa,
Que sopram o nosso corpo
E nos deixa respirar. Humm, é tão bom respirar...
É tão bom ver o balanço dessas folhas, dessas ávores, desses galhos
e participar do milagre da vida..
Conto isso para o meu filho;
Não sei se ele acredita.
Leva-se muitos anos para a gente aprender a admirar isso.
Ficamos sentados na grama,
O vento sopra, balança as árvores para lá e para ca.
Às árvores de perto ele balança agitado, sacode os galhos,
Faz as folhas farfalharem
Às árvores de longe em balança suave, em conjunto.
Empurrando os volumes de sombras para lá e para cá.
Um beijo
do pai fer
segunda-feira, setembro 15, 2008
Ding ding
ding ding,
assim fazia minha bicicleta no calçamento,
buzinava, meio que sozinha,
mas estava eu lá, em cima, gostando de pedalar,
as vezes cansado, irritado com o transito,
mas normalmente sentindo que vale a pena,
ter um caminho, ser empurrado pelo vento e pedalar.
Hoje, especialmente, senti o que é não querer muita coisa.
a tarde estava bonita para voltar para casa
a solitude estava bonita para viver
o silencio bonito para ficar calado e não ter muito a ouvir
e a noite não poderia ser outra coisa senão a noite,
e as luzes não podia ser outra coisas senão luzes
e o vento soprando não poderia ser outra coisa senão sopro
Ding ding fazia minha bicicleta
e o milagre da vida estava ali
o calçamento esburacado,
a lisura das passagens suaves
a sensação boa deixada pelo filme “conversas com meu jardineiro” no cine Metrópolis
a pintura como a pesca de um peixe,
um processo de vida.
ninguém estava vivendo mais do que eu essa noite
nem eu mais do que ninguém
simplesmente a fruição desses lugares
e o abandono do que não preciso.
Ding ding.
assim fazia minha bicicleta no calçamento,
buzinava, meio que sozinha,
mas estava eu lá, em cima, gostando de pedalar,
as vezes cansado, irritado com o transito,
mas normalmente sentindo que vale a pena,
ter um caminho, ser empurrado pelo vento e pedalar.
Hoje, especialmente, senti o que é não querer muita coisa.
a tarde estava bonita para voltar para casa
a solitude estava bonita para viver
o silencio bonito para ficar calado e não ter muito a ouvir
e a noite não poderia ser outra coisa senão a noite,
e as luzes não podia ser outra coisas senão luzes
e o vento soprando não poderia ser outra coisa senão sopro
Ding ding fazia minha bicicleta
e o milagre da vida estava ali
o calçamento esburacado,
a lisura das passagens suaves
a sensação boa deixada pelo filme “conversas com meu jardineiro” no cine Metrópolis
a pintura como a pesca de um peixe,
um processo de vida.
ninguém estava vivendo mais do que eu essa noite
nem eu mais do que ninguém
simplesmente a fruição desses lugares
e o abandono do que não preciso.
Ding ding.
quarta-feira, agosto 20, 2008
A BIBLIOTECA DO ARTISTA
Ha uma estreita relação entre uma biblioteca e um atelier de arte:
em ambos os lugares criamos imagens.
A escrita tem uma dimensão visual
Meus desenhos são textos.
Desenho porque quero ver o que não vi, ou o que não vi,
ou o que não verei nunca.
Desenho para falar o que não falo, ou já falei,
ou não falarei nunca.
Desenho para inventar, para fazer amor, para dormir,
para conversar comigo mesmo
para conversar com você que me lê.
Desenho para entender meus humores,
para confessar meus crimes, para criar sentido, para fazer imagens
Desenho porque necessito dessas palavras escritas
Desenho porque as mãos oferecem pontos de vistas.
em ambos os lugares criamos imagens.
A escrita tem uma dimensão visual
Meus desenhos são textos.
Desenho porque quero ver o que não vi, ou o que não vi,
ou o que não verei nunca.
Desenho para falar o que não falo, ou já falei,
ou não falarei nunca.
Desenho para inventar, para fazer amor, para dormir,
para conversar comigo mesmo
para conversar com você que me lê.
Desenho para entender meus humores,
para confessar meus crimes, para criar sentido, para fazer imagens
Desenho porque necessito dessas palavras escritas
Desenho porque as mãos oferecem pontos de vistas.